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Será a criação de uma moeda única para o Mercosul uma medida interessante para o comércio exterior brasileiro?

Grupo Pinho
October 3, 2022

Será a criação de uma moeda única para o Mercosul uma medida interessante para o comércio exterior brasileiro?

No último dia 3 de janeiro , o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, para discutir a possibilidade da criação de uma moeda única comum aos países integrantes do Mercosul, com o objetivo de fortalecer e desenvolver o bloco econômico, além de aumentar o vínculo diplomático entre os países-membros.

No dia 23,  o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou para a Argentina para participar da VII Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), foro que reúne os 33 países da América-Latina e do Caribe, presidido, desde o ano passado pela Argentina.

O governo brasileiro, no início de janeiro de 2020, suspendeu a participação do Brasil no bloco devido às divergências políticas e ideológicas com a Venezuela e Cuba. Porém, com o retorno de Lula ao poder e o seu desejo de colocar o Brasil “de volta ao mundo”, o país voltou a participar ativamente da CELAC.

O desejo de integração e cooperação internacional dos países está levando o Brasil a promover encontros que discutam pontos para desenvolver as relações comerciais nos blocos que as partes são membros. Um exemplo disso foi o que aconteceu na segunda-feira (23/01/2023), no qual o presidente se reuniu com Alberto Fernandez, chefe do governo na Argentina, para discutir propostas e, dentre elas, a que se destacou foi a da criação de uma moeda única para o Mercosul.

A ideia da criação de uma moeda única é inspirada no Euro, criado em janeiro de 1999, pela União Europeia, e que foi adotada por 20 dos 27  países-membros da UE. A grande questão acerca disso é, conforme Thomaz Sarquis, economista da Eleven Financial, a autonomia monetária dos países.

No caso da União Europeia, os países-membros precisaram abdicar de suas próprias moedas e adotarem o Euro, mas a diferença cambial existente antes da circulação da moeda única dificultou a adaptação de alguns países europeus periféricos ao novo padrão de vida estabelecido para os países do bloco.

Tendo em vista as crises que alguns países tiveram por adotarem uma moeda única, especialistas não acreditam que deixar a autonomia monetária seja uma forma interessante de desenvolver as relações comerciais e diplomáticas entre os países do Mercosul.

É válido considerar ainda que, atualmente, a Argentina está passando por uma forte crise econômica caracterizada por hiperinflação devido a décadas de má gestão. Dessa forma, de acordo com Marcos Lisboa, presidente do Insper, em entrevista à CNN na segunda-feira passada (23), a proposta significa um retrocesso à agenda internacional de desenvolvimento do Brasil.

Criar uma moeda única exigiria muita coordenação monetária e fiscal entre os Estados-membros para garantir que a nova moeda permaneça estável. Além disso, os países precisam ter estruturas econômicas relativamente parecidas e estar em níveis semelhantes de desenvolvimento para garantir que a nova moeda seja eficaz.

Um outro motivo pelo qual essa realidade não se torna plausível é o nível de integração do bloco.

O Mercosul não se integrou em níveis como a União Europeia e os países integrantes não atingiram níveis econômicos parecidos e estáveis o suficiente. De acordo com os níveis de integração, o bloco ainda é considerado uma União Aduaneira incompleta, que é a segunda de quatro categorias de integração e a última, que é a União Econômica e Monetária, é a fase que a União Europeia se encontra atualmente, o nível no qual uma instituição supranacional é estabelecida.

Devido às disparidades tarifárias e processuais, a moeda única não seria viável ao comércio exterior brasileiro atual.

No geral, embora o Mercosul tenha feito algum progresso na promoção do comércio e da cooperação entre seus Estados-membros, ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar um nível mais alto de integração.

Tudo que acontece no mundo, inclusive decisões dentro de blocos econômicos, produz, portanto, efeitos no cotidiano da população de cada país, pois tensões globais afetam o comércio e a Economia dos países e os resultados monetários chegam, assim, nos consumidores finais.

Dessa forma, leia os impactos da guerra da Rússia no Brasil e entenda mais sobre como isso pode ter efeitos no seu dia a dia.

Fonte: Comex do Brasil

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