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Rússia é responsável por 23% das importações brasileiras de fertilizantes
Ainda é prematuro afirmar qual será o impacto da guerra da Ucrânia no comércio exterior brasileiro, mas a importação de fertilizantes já é uma preocupação exposta pelos representantes do nosso país. Aliás, 23% das importações brasileiras de fertilizantes são do país russo. Hoje, o quadro que mais preocupa é o do Potássio, que tem a sua oferta concentrada em Rússia, Canadá e Belarus.
O Brasil importa 70% dos fertilizantes que usa e é essa a preocupação com o contexto da guerra. Nos últimos dois anos, o nosso país aumentou sucessivamente o consumo de fertilizantes, uma necessidade imposta pela tendência mundial e pelas sucessivas safras recordes de grãos. Hoje, 23% das importações vêm da Rússia.
O aumento de consumo também refletiu no volume importado do país russo: passamos de uma demanda de US$ 1,8 bilhão, em 2020, para US$ 3,5 bilhões, em 2021. Como parâmetro, o valor importado da Rússia é quase 70% maior do que o segundo país responsável pelas nossas importações de fertilizantes: a China (US$ 2,1 bilhões).
Não, a Rússia não suspendeu a entrega de fertilizantes para o Brasil, apesar das limitações para o seu envio. Na semana passada, o país do leste europeu enviou um navio para cá. Ainda assim, existe a preocupação de que novos anúncios de sanções inviabilizem a exportação russa dos fertilizantes.
Na última quarta-feira (16), a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, solicitou ao comitê de segurança alimentar da Organização das Nações Unidas (ONU) que os fertilizantes não sejam incluídos na lista de sanções à Rússia. De acordo com a Ministra, essa medida prejudicaria a comercialização do produto, traria escassez de alimentos e refletiria na alta de preços em todo o mundo.
Caso a exportação de fertilizantes da Rússia seja suspensa, o Brasil tem outras opções para importar fertilizantes, como Irã, Canadá e Marrocos. Mas a situação não é tão simples, porque varia de insumo para insumo.
Por exemplo, no caso do Potássio, Canadá, Belarus e Rússia somam quase 80% da oferta mundial. Atualmente, Belarus já sofre sanções. Caso aconteça o mesmo com a Rússia, o Canadá ficaria sobrecarregado e dificilmente conseguiria suprir a falta dos demais países no mercado internacional.
É cedo para afirmar qual será o impacto causado pela guerra, levando em conta que os dados divulgados pela balança comercial brasileira, do mês de fevereiro, não refletiram os seus efeitos. Isso porque é necessário considerar que o registro das importações é feito pelo desembaraço aduaneiro e abrange apenas as mercadorias que saíram daquela região há 20 dias.
Fontes:
https://g1.globo.com/politica/noticia/2022/03/16/ministra-da-agricultura-defende-que-fertilizantes-sejam-imunes-a-sancoes-economicas.ghtml
BBC News: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-60596334
VEJA: https://veja.abril.com.br/coluna/maquiavel/por-que-o-brasil-potencia-no-agro-depende-de-fertilizantes-russos/